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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto (única existente!): www.historiadealagoas.com.br/

 

 

SEBASTIÃO DE ABREU

 

(1883-1909 )

 

Nasceu em Maceió, aos 20 de janeiro de 1883.

 

Fo uma alma esquisita e profundamente  romântica.
Conseguiu, todavia, firmar um nome de realce na imprensa e no meio intelectual alagoano, escrevendo crônicas e poesias, que eram então muito apreciadas.
Só frequentou a escola de primeiras letras. Estreiou aos 13 anos no Almanaque Alagoano.
Faleceu a 21 de feverei do 1909, depois de uma homoptise, quando escrevia uma poesia. Seus versos, escritos entre 1906 e 1909, foram reunidos carinhosamente pela irmã, a poetisa Rosália Sandoval, que lhes deu o título de “Ângelus”, editando-a ela própria, no Rio de Janeiro em 1955.

 

 

 

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeir  o: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernado.  Bibl. Antonio Miranda

 

 

       DENÚNCIA

Feia denúncia má que o meu ânimo inflama,
numa carta fatal trazida à minha porta,
deixou, como uma flora que se solta da rama,
toda a minha esperança entretecida e morta.

O desprezo mortal! — eis o que a carta exorta;
pois a infelicidade outra coisa não clama;
porém o que fazer, se o seu amor conforta
e escrevendo ela diz que inda me adora, que ama?

Ah! como crer no mal que a carta denuncia?
Como, porém, não crer, se ela impassível, fria,
não contesta esta voz das torvas desventuras?

E as cartas que Ela escreve, e as flores que Ela manda?
São, meu Deus, a perfídia, a mais triste e nefanda?
E o beijo? e o olhar e o riso e as confissões e as furas?

 

 

 

        QUEIMADA  

 

       Ondeia o incêndio ensanguentando os espaço,
da floresta nas verdes alamedas;
e de viço não fica nem um traço,
— sob a palpitação das labaredas.

Tudo oxida à luz. O solo escasso
de folhas fica. As florações mais ledas
morrem de uma só vez, sob o mormaço
das doidas convulsões das chamas tredas.

Aves, frutos e ninhos, flores — quantas! —
desaparecem... E oiço, na queimada,
o urro aflito  e pávido das antas!

Selva, não mais ao céu azul marulhas!
Porém morra a tu´alma iluminada
pelo esplendor solteiro das fagulhas!

 

       

        GLORIA

Vi-a soberbas amplidões galgando,
ereta e forte, resplendente e erguida,
astros levando na radial subida,
céus estelares num rumor buscando.

Vi-a brancos degraus atravessando,
aqui — em prantos a pousar sentida;
além — risonha celebrando a vida
e a áurea tuba das guerras conclamando!

Correndo atrás dessa visão sagrada,
— alma de artista a procurara pousada —
tive a fraqueza que nos aniquila.

E chorei no mais triste desconforto,
como quem chora sobre um sonho morto,
por não ter forças para persegui-la!


*

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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